1 de mai. de 2012

Polidramnia

Uma definição muito precisa do excesso de líquido amniótico( LA) não é possível, pois mulheres que sabidamente tem algum excesso não mostram anormalidades no evolver da gestação e mulheres há que, embora tendo níveis de LA abaixo dos limites superiores  normais, apresentam sintomas e sinais de variada gravidade. Em geral, consideram-se os volumes de acordo com a idade gestacional: é polidrâmnio quando há um volume de 1700ml de LA às 30 semanas ou se o volume é maior que 1000ml no quarto ( ou quinto) mês.

Assim como não é possível uma definição muito precisa da polidramnia, acontece o mesmo com a determinação de sua causa. No entanto, é sabido que: mais de 1/3 ocorre em associação com anomalias congênitas, ou do sistema nervoso central( como a anencefalia), ou uma deficiente formação do tubo digestivo alto( como a atresia do esôfago), e nestes casos a mecânica é clara, posto que não há deglutição mas a excreção urinária do bebê é normal; associa-se, em muitos casos, a outras doenças( DHEG, diabetes mellitus, eritroblastose fetal, doenças da placenta e do cordão umbilical) e a casos onde a distensão do útero já é pronunciada como na gemelidade. Em contraste, em quase metade dos casos, onde a quantidade de LA está além do limite superior, mãe e bebê são normais.

A apresentação da polidramnia ocorre em duas formas: aguda e crônica. No quadro agudo há um rápido aumento do volume( o tempo em que se desenvolve a polidramnia é curto: em alguns dias pode haver acúmulo de até cinco litros), o desconforto materno é grande e pode exigir a interrupçâo da gestação; é muito frequente a expulsão espontânea do feto por amniorrexe prematura e é raro haver remissão a uma evolução normal da gravidez. Ele aparece cedo, após o terceiro e antes do sexto mês. É muito pouco frequente. A forma crônica inicia em torno do sétimo mês, desenvolve-se mais lentamente e o desconforto materno, que também pode ser intenso, aparece de maneira mais gradativa. O casos crônicos são bem mais frequentes que os agudos e mais vezes evoluem para a normalidade.

O desconforto materno decorre do útero aumentado que pressiona o diafragma( dispnéia), comprime os intestinos( dificuldades alimentares) e o trato urinário( micções frequentes), aumenta a pressão sobre as veias( edemas, varizes, hemorróidas), provoca distúrbios de equilíbrio( em vista do maior deslocamento para a frente do centro de gravidade). Além, o aumento do útero acarreta o surgimento de dores difusas nas regiões abdominal e lombar.

O tratamento considera na sua formulação dois aspectos que são decisivos( feto normal, feto mal-formado) e um de importância variável( desconforto materno). Se o concepto é normal: os males da mãe são minimizados através de alterações na dieta e na postura e até de uma ocasional amniocentese( punção abdominal com retirada do excesso de LA) e prolonga-se a gravidez esperando por um evolver mais próprio ao bem estar do nascituro e da mãe.

O prognóstico da maternidade tem alguma variabilidade. Em geral é bom para a mulher( em termos de sobrevida), mas a mortalidade do concepto oscila em torno de 50%. A forma aguda apresenta uma alta taxa de perdas de gravidez, mas as apresentações crônicas mais vezes evoluem para a normalidade e a criança nasce bem.

As dificuldades são mais comuns nas gestações de risco, então, ocorrem com mais frequencia na mulher: o parto prematuro, a DHEG, diabetes melitus, o DPP e hemorragias outras( decorrentes da flacidez do útero após o nascimento), gemelidade, o parto prolongado( devido à hipertonia e às múltiplas contrações descoordenadas e ineficazes). Para o lado do bebê, além das malformações congênitas( anencefalia, atresias do esôfago e duodeno…), ocorrem com mais frequencia: prematuridade, lesões devido ao parto prolongado, prolapso de cordão umbilical.