21 de out. de 2010

A tríade dor, sangramento uterino e tumoração anexial está presente em mais de 70% dos casos. Mas há dificuldades em relacionar esta tríade com a gravidez ectópica, pois:

- muitas vezes a ocorrência da dor não é bem definida, nem há uma relação de simultaneidade constante destes sintomas-sinais entre si;

- alguma “menstruação” acontece mais ou menos no tempo esperado pela paciente em mais de 50% dos casos de GE e um atraso significativo( mais de 1 semana) só está evidente em menos da metade dos casos de gravidez ectópica, daí nem a paciente nem o médico suspeitam de gravidez, pois não há atraso menstrual; observa-se, outrossim, que a hemorragia vaginal, quando presente, é menor que uma menstruação normal; outro aspecto é que em 25% das vezes, um quadro completo com todos os sinais e sintomas aparece antes da data esperada da menstruação( antes do 1º atraso menstrual);

- a tumoração é uma formação mole e pastosa, mas é mal definida e de difícil avaliação ao exame físico;

- ao início, a dor é mais localizada indicando o local atingido e resulta da distensão provocada pela hemorragia( interna, na parede da trompa ou de outro órgão); com o tempo, a dor passa a ser mais difusa e resulta da irritação peritonial pela hemorragia que se espraia( nesta fase pode haver dor referida ao ombro por irritação diafragmática). Quando a trompa se rompe, ocorre aumento brusco da dor e o quadro clínico é o de uma emergência abdominal aguda com rigidez abdominal, distensão abdominal e choque.

Na gravidez cervical, a hemorragia( externa) é o sinal prevalente.

 

O exame físico revela um aumento do útero não compatível com a idade gestacional e geralmente é um útero menor. Sobre o hormônio hCG, sua fração beta: quando é positivo para gravidez os níveis são mais baixos do que numa gestação normal. O diagnóstico de certeza só é alcançado por um procedimento cruento como a laparoscopia, muito embora a ultrassonografia possa mostrar um útero vazio e a massa ovular fora dele.

O tratamento é a cirurgia.

Com a operação realizada no tempo devido, o prognóstico é bom para a maioria das mulheres. Há, entretanto, uma mortalidade em torno de 5% associada com complicações da gravidez ectópica, mormente a hemorragia intra-abdominal maciça e choque. O prognóstico reprodutivo é bem mais reservado por conta das lesões no canal ovular( trompa) e, também, pelo risco aumentado de repetição. Há relatos de índices de 12% de gestação normal após um episódio de GE.

19 de out. de 2010

Gravidez Ectópica
Há gravidez ectópica( GE) quando a gestação se desenvolve fora do útero. Os locais mais comuns são as trompas( mais de 90% das vezes), a cavidade abdominal( 1 a 2% dos casos) e os ovários( em torno de meio porcento). Há ainda a implantação do ovo no canal cervical do útero em 0,1% das vezes- neste caso o termo melhor é gravidez heterotópica.


Ocorre em uma frequência muito variável, em geral é em torno de 1% das gestações. É afecção mais presente entre as jovens com elevada atividade sexual e baixo poder sócio-econômico. Tende a repetir-se em 10% das vezes( a mulher acometida tem seu risco de ter novamente aumentado de 10 a 20 vezes se comparado com o risco da população geral).


São aspectos predisponentes: idade materna avançada, a disfunção hormonal( irregularidades menstruais), as deficiências nutricionais, a infertilidade, a baixa  condição sócio-econômica, o histórico de doença inflamatória pélvica( DIP).


Dentre os mecanismos aventados, destaca-se o do desequilíbrio hormonal, que
causaria alongamento do período proliferativo do ciclo menstrual e diminuição da fase lútea, daí haveria hemorragia uterina por deprivação hormonal( menstruação) com deslocamento do ovo e gravidez ectópica. Este desequilíbrio
hormonal seria responsável, também, pelo retardo na transmigração do óvulo.
Outro mecanismo frequentemente relacionado como causa de GE é o do encurtamento do diâmetro do canal da trompa. Isto pode ser uma afecção congênita ou ser o resultado de uma DIP. Este bloqueio parcial funcionaria como um filtro: o espermatozóide passa para fertilizar o óvulo, pois é pequeno; o óvulo fertilizado( ovo) não passa, posto que é grande.